Valor da Capoeira (Será que tem mudado?)
Faço parte de uma geração de capoeiristas que cresceu vendo muitas coisas sofrerem mudanças de valor na capoeira.
Quando entrei na capoeira, ainda criança com 11 anos de idade, falava-se bastante da graduação amarela, que aqui no sul da Bahia se chama cordel amarelo, em outros lugares corda amarela, o chamado cordão de ouro. O cordão da riqueza do aluno de capoeira, inicialmente parecia algo inatingível, pois o novato ali, julgando não levar muito jeito, mas seguia treinando, pegando o jeito aos poucos, mesmo sem ser perfeito. Aí quando se alcança essa graduação, noto que na época não se via, assim como não se vê mais hoje falar dela com o mesmo prestígio.
Daí em outro nível, ainda acima, falava-se da formatura do aluno de capoeira, ocasião em que reunia-se as cores das graduações iniciais, verde, amarelo e azul. Notamos surgir músicas de capoeira, declarando que a graduação mais bonita é a graduação de formado. Éramos testemunhas que os capoeiristas que atingiam essa graduação era apresentado com muito respeito e distinção nos eventos em que se faziam presentes, pois viajar pela capoeira era algo mais difícil, para realidade da maioria dos capoeiristas. Nessa graduação o capoeirista começa a utilizar do conhecimento que detém, para poder dar as primeiras lições, além de continuar buscando mais fundamentos e ensinamentos. Diga-se de passagem os primeiros passos para ser "professor" de capoeira. Mas vimos a capoeira crescer em todos seus grupos e núcleos, novamente o valor do aluno formado teve seu valor relativizado.
Hoje estamos sobre a influência da relativização da graduações ainda mais elevadas. Vimos alguns grupos adaptarem a graduação de contramestre, algumas vezes chamando de mestrando. deixando de notar a influência do fato de muitos capoeiristas serem estivadores ou marinheiros, por isso a influência do título de subcomandante da embarcação, que era denominado de contramestre. trazendo uma denominação acadêmica de mestrando (aquele que faz o mestrado) para a capoeira, mas a capoeira novamente nos ensina a respeitar o que é diferente.
Assim como notamos manobras e artifícios para se alcançar a graduação de mestre. Ser mestre é tarefa desafiadora, porque traz em si um sacerdócio, uma dedicação que faz do capoeirista ser exemplo para além da roda, dos treinos, porque mestre ele é detentor do conhecimento, que tem contato com a capoeira, suas demandas, suas possibilidades, que guia, que busca a sabedoria, busca resgatar lições antigas, se adaptar à situações novas, busca o equilíbrio. Por essa soma de características devemos aos mestres respeito.
Mestre em qualquer área do conhecimento humano possui limitações, comete erros, falhas. Mas antes de tudo ele é um iniciador de cultura, aprende-se com os erros, implanta-se valores humanos e sociais. Promove a interação dentre os alunos para que suas diferenças se acrescentem e ensinem a conviver com elas e notarem as suas semelhanças.
Independente de nossa graduação, do tempo que temos de capoeira. O que você faz pela capoeira, a forma como você se dedica a ela, traz o retorno. cada capoeirista é representante dela. Alguns capoeiristas agem de forma que muitas vezes não nos orgulham com suas atitudes e condutas.
O tempo passou e a capoeira cresceu, grupos incharam, vaidades se inflamaram. Mas também a vida mostra que o conhecimento liberta e o conhecimento é algo que pode chegar a todos. A capoeira é uma arte viva. Suas regras não são rígidas, pois essa é a natureza das regras. Já não podemos falar o mesmo quanto aos Fundamentos e Princípios, pois aí são elementos de base, de raiz.
A capoeira se questiona seu valor. O capoeirista há muito tempo vem definindo para ele mesmo com muita clareza o valor que a capoeira tem pra ele mesmo. Mas hoje, deve-se ter cuidado com o que a capoeira representa entre ele e a sociedade, perguntar com bastante clareza qual é o valor do capoeirista, da roda de capoeira, do mestre de capoeira, da profissão do capoeirista.
E não confundir o valor do conhecimento, com o valor de ser mestre de capoeira. Você pode viajar pelo mundo sem ser mestre de capoeira, basta ter conhecimento para isso, inclusive será respeitado e convocado por esse motivo.
Faço parte de uma geração de capoeiristas que cresceu vendo muitas coisas sofrerem mudanças de valor na capoeira.
Quando entrei na capoeira, ainda criança com 11 anos de idade, falava-se bastante da graduação amarela, que aqui no sul da Bahia se chama cordel amarelo, em outros lugares corda amarela, o chamado cordão de ouro. O cordão da riqueza do aluno de capoeira, inicialmente parecia algo inatingível, pois o novato ali, julgando não levar muito jeito, mas seguia treinando, pegando o jeito aos poucos, mesmo sem ser perfeito. Aí quando se alcança essa graduação, noto que na época não se via, assim como não se vê mais hoje falar dela com o mesmo prestígio.
Daí em outro nível, ainda acima, falava-se da formatura do aluno de capoeira, ocasião em que reunia-se as cores das graduações iniciais, verde, amarelo e azul. Notamos surgir músicas de capoeira, declarando que a graduação mais bonita é a graduação de formado. Éramos testemunhas que os capoeiristas que atingiam essa graduação era apresentado com muito respeito e distinção nos eventos em que se faziam presentes, pois viajar pela capoeira era algo mais difícil, para realidade da maioria dos capoeiristas. Nessa graduação o capoeirista começa a utilizar do conhecimento que detém, para poder dar as primeiras lições, além de continuar buscando mais fundamentos e ensinamentos. Diga-se de passagem os primeiros passos para ser "professor" de capoeira. Mas vimos a capoeira crescer em todos seus grupos e núcleos, novamente o valor do aluno formado teve seu valor relativizado.
Hoje estamos sobre a influência da relativização da graduações ainda mais elevadas. Vimos alguns grupos adaptarem a graduação de contramestre, algumas vezes chamando de mestrando. deixando de notar a influência do fato de muitos capoeiristas serem estivadores ou marinheiros, por isso a influência do título de subcomandante da embarcação, que era denominado de contramestre. trazendo uma denominação acadêmica de mestrando (aquele que faz o mestrado) para a capoeira, mas a capoeira novamente nos ensina a respeitar o que é diferente.
Assim como notamos manobras e artifícios para se alcançar a graduação de mestre. Ser mestre é tarefa desafiadora, porque traz em si um sacerdócio, uma dedicação que faz do capoeirista ser exemplo para além da roda, dos treinos, porque mestre ele é detentor do conhecimento, que tem contato com a capoeira, suas demandas, suas possibilidades, que guia, que busca a sabedoria, busca resgatar lições antigas, se adaptar à situações novas, busca o equilíbrio. Por essa soma de características devemos aos mestres respeito.
Mestre em qualquer área do conhecimento humano possui limitações, comete erros, falhas. Mas antes de tudo ele é um iniciador de cultura, aprende-se com os erros, implanta-se valores humanos e sociais. Promove a interação dentre os alunos para que suas diferenças se acrescentem e ensinem a conviver com elas e notarem as suas semelhanças.
Independente de nossa graduação, do tempo que temos de capoeira. O que você faz pela capoeira, a forma como você se dedica a ela, traz o retorno. cada capoeirista é representante dela. Alguns capoeiristas agem de forma que muitas vezes não nos orgulham com suas atitudes e condutas.
O tempo passou e a capoeira cresceu, grupos incharam, vaidades se inflamaram. Mas também a vida mostra que o conhecimento liberta e o conhecimento é algo que pode chegar a todos. A capoeira é uma arte viva. Suas regras não são rígidas, pois essa é a natureza das regras. Já não podemos falar o mesmo quanto aos Fundamentos e Princípios, pois aí são elementos de base, de raiz.
A capoeira se questiona seu valor. O capoeirista há muito tempo vem definindo para ele mesmo com muita clareza o valor que a capoeira tem pra ele mesmo. Mas hoje, deve-se ter cuidado com o que a capoeira representa entre ele e a sociedade, perguntar com bastante clareza qual é o valor do capoeirista, da roda de capoeira, do mestre de capoeira, da profissão do capoeirista.
E não confundir o valor do conhecimento, com o valor de ser mestre de capoeira. Você pode viajar pelo mundo sem ser mestre de capoeira, basta ter conhecimento para isso, inclusive será respeitado e convocado por esse motivo.